CARTA DO 9º CONAD EXTRAORDINÁRIO DO ANDES-SN 

Entre 28 e 30 de setembro, de forma virtual, foi realizado o 9º CONAD  Extraordinário do ANDES-SN. Infelizmente, no momento em que mais de um milhão  de pessoas morreram pela COVID-19 no mundo. Deste(a)s, que não devem ser  considerado(a)s apenas números, mais de 14% são brasileiras e brasileiros. São quase  145 mil mortes que poderiam ter sido evitadas se os governos Federal, estaduais e  municipais não estivessem dispostos a sacrificar as vidas da classe trabalhadora em  nome do lucro e do capital. Foi neste contexto e com duros ataques à(o)s  trabalhadore(a)s, e em uma situação extraordinária criada pela pandemia do novo  coronavírus, que 226 docentes de 70 seções sindicais de todo o país reuniram-se  virtualmente para debater os desafios do movimento docente nacional na luta em defesa  da educação pública e gratuita e dos serviços públicos. Neste CONAD Extraordinário, a  realização de grupos mistos possibilitou avanços para as decisões sobre o plano de lutas  e as questões organizativas.  

O 9º CONAD Extraordinário se encerra em um dia nacional de lutas, em que  trabalhadoras e trabalhadores de todo o país, por meio de seus fóruns unitários nos  estados, atuaram para demonstrar sua disposição de combater a nefasta Reforma  Administrativa (PEC 32/2020) de Bolsonaro. Essa contrarreforma, um verdadeiro  “Future-se” para o conjunto dos serviços públicos, ao contrário do que o capital e seus  agentes afirmam, não serve para combater privilégios, mas sim para reforçar as  desigualdades sociais, pois desmontará os serviços públicos por meio da retirada de  direitos históricos de servidore(a)s público(a)s que atuam no atendimento direto à  população em serviços de saúde, assistência social e, obviamente, na educação. 

Apesar da enorme pluralidade e diversidade de posições que apareceram nesse  CONAD, houve uma importante unanimidade: o reconhecimento da necessidade de  mantermos nosso Sindicato Nacional na linha de frente do enfrentamento ao conjunto  dos ataques contra a educação pública e gratuita e aos direitos da classe trabalhadora  como um todo, especialmente mulheres, grupos LGBTQIA+, negras e negros, povos 

indígenas e quilombolas, que são principais vítimas dos ataques da extrema-direita  

contra a vida humana e a natureza.  

Por isso, a atualização do plano de lutas do sindicato, a partir da avaliação de  que há um recrudescimento dos ataques implementados pelo capital, reconheceu a  necessidade de avançarmos na articulação de entidades e movimentos da classe  trabalhadora para resistir aos ataques da extrema-direita privatista, negacionista, anti ciência e fundamentalista. Assim, a organização da luta em um patamar superior e a  construção de um calendário nacional de lutas se colocam no centro de nossas ações. 

Delegadas e delegados do 9º CONAD Extraordinário também dedicaram suas  energias para debater um dos principais males que assola trabalhadoras e trabalhadores  da educação em todo país: o ensino remoto. Hoje, com a maior parte das instituições  atuando prioritariamente por meio de propostas chamadas de Ensino Remoto  Emergencial (ERE ou outros eufemismos), estamos vivendo a exclusão dos setores mais  pobres e periféricos da classe trabalhadora de algo que deveria ser um direito, a  educação pública, e não um privilégio apenas para aquelas e aqueles que podem pagar  por equipamentos, boas conexões de internet e materiais didáticos. Também estamos  vivendo o adoecimento de nossa categoria assim como seu sofrimento, pois as propostas  de ERE quase sempre foram e são implementadas sem garantia de condições de  trabalho, sem debates com a comunidade acadêmica e apenas aprofundando o processo  de precarização do trabalho docente. Mais ainda, estamos vendo a concretização de um  plano perverso do capital para a educação: suplantar definitivamente a modalidade  presencial por um sucedâneo que impossibilita uma educação dialógica, integral e, de  fato, formativa. Denunciar as consequências nocivas e excludentes do ERE e aprofundar  o diálogo nas seções sindicais para defender os nossos direitos e nossas condições de  trabalho será uma das prioridades do ANDES-SN.  

Finalmente, o 9º CONAD Extraordinário, ao debater questões organizativas,  reafirmou seu compromisso com princípios históricos do ANDES-SN, especialmente a  democracia e a consulta às bases. Encerrando um amplo e prolongado debate que  começou desde o início da pandemia, o CONAD deliberou por realizar o processo 

eleitoral em 2020, mas sem colocar em risco as vidas de trabalhadoras e trabalhadores  

ou de nossa base sindicalizada. Por isso, delegadas e delegados decidiram que as  eleições serão realizadas por meio de um processo eleitoral telepresencial.  

Ainda que a conjuntura extraordinária exija medidas extraordinárias em nosso  sindicato, o 9º CONAD Extraordinário se encerrou reafirmando a perspectiva de luta,  democrática e autônoma que marcou a história do Sindicato Nacional. Encerramos esse  encontro nacional prestando nossa homenagem a todas e todos que morreram vítimas da  pandemia do capital e, também, ao nosso companheiro argentino Quino, que  infelizmente faleceu neste dia, 30 de setembro, após 88 anos de uma vida que serviu  para alegrar e enriquecer o cotidiano da classe trabalhadora com suas tiras inteligentes  que se materializaram na personagem Mafalda e suas críticas ácidas às contradições do  mundo capitalista. Como diz uma tirinha da Mafalda “Já pensaram que, se não fosse por  todos, ninguém seria nada?” 

Resistir à precarização do trabalho docente por meio do ERE! 

Defender a educação pública, gratuita e presencial para toda a classe  trabalhadora! 

Derrotar a Reforma Administrativa! 

Defender a vida acima do lucro! 

#ForaBolsonaroeMourão! 

 

9º CONAD EXTRAORDINÁRIO 

30 de setembro de 2020