NOTA DA DIRETORIA NACIONAL DO ANDES-SN: AULAS PRESENCIAIS SÓ COM  VACINA PARA TODOS E TODAS, JÁ!  

A situação da pandemia se agrava a cada dia. Agora não se morre apenas da própria  COVID-19, mas também pelas sequelas de um sistema de saúde em colapso e absolutamente  sobrecarregado, do qual a situação de Manaus é a mais emblemática, levando dezenas de pessoas a  morte por asfixia diante da ausência de oxigênio.  

Alguns especialistas chamam de segunda onda e outros apontam que no Brasil nem sequer a  primeira onda foi controlada, já que não tivemos medidas firmes de isolamento social e fechamento  das cidades. O fato é que vivemos hoje uma realidade em que mais de 220 mil pessoas morreram e  9 milhões já foram contaminadas, sem contar com as subnotificações de um país que nega a ciência,  o Sistema Único de Saúde (SUS) e prioriza o capital em detrimento da vida.  

 O ANDES-SN reafirma a necessidade da vacinação para todos e todas já, como estratégia  coletiva, baseada na ciência, de possibilidade de controle da pandemia. Entendemos que o Plano  Nacional de Imunização deve contemplar toda a população brasileira, pois só atingiremos uma  imunização com segurança quando 70% da população for vacinada. Devido à desorganização do  Ministério da Saúde para a vacinação em massa, é preciso que seja respeitado um calendário que  atenda os grupos prioritários. Neste sentido, entendemos que o conjunto da categoria deve seguir o  calendário apresentando. Ao mesmo tempo, é preciso acelerar o processo de imunização, com a  aprovação de outras vacinas pela ANVISA e a compra dos insumos necessários à fabricação no  país. Somente com essas medidas poderemos ter condições de um planejamento eficiente para a  imunização de toda a população. 

 A compreensão do ANDES-SN é que a luta imediata deve ser pela imunização do conjunto  da população, até atingirmos o percentual estipulado pelas organizações da saúde, para o controle  da pandemia. É necessário responsabilizar o governo federal pelas mortes, pela alta contaminação e  especialmente pela lentidão do Plano Nacional de Imunização (PNI).  

 Desde o início da pandemia todas as ações do governo federal foram pautadas na perspectiva  negacionista e da anticiência, explicitada em inúmeras falas de desprezo em relação às mortes, além  da omissão em investir no Ministério da Saúde e no SUS, e num planejamento para a imunização, o  que obrigatoriamente exigiria a compra de vacinas e de insumos. Mais do que isso, o governo  federal sequer cogita a hipótese de quebra de patentes para acelerar a produção de vacina, em uma explícita posição de não se chocar com os interesses na mercantilização das vacinas pela indústria  farmacêutica.  

 Defendemos que a alternativa à falta de planejamento do governo federal, ao invés de  antecipar vacinação à(o)s docentes, deve ser a de lutar para que somente com vacinação para todas  e todos poderemos cogitar o retorno presencial às aulas. A antecipação da vacinação só estaria  servindo para atender especialmente às pressões do setor privado da educação e aos governos que  querem o retorno às aulas presenciais em prejuízo da vida. Isto aglomeraria e tornaria ainda mais  exponencial, pela natureza do trabalho escolar, a contaminação do(a)s demais trabalhadore(a)s que  não estão inserido(a)s nas prioridades.  

Essa posição é política mas, acima de tudo científica e se pauta nos seguintes elementos:  - O(A)s menores de 18 anos não estão incluído(a)s no PNI devido à falta de testagem para essa  faixa etária, o que impõe que o restante da população seja imunizada para que a pandemia seja  controlada;  

- As crianças têm mais possibilidade de serem assintomáticas, mas nem por isso deixam de se  contaminar e de transmitir. Portanto, crianças expostas tem mais riscos de se contaminar e de serem  vetor de transmissão para dentro de sua casa, caso suas famílias não tenham sido imunizadas;  - O fato do(a)s professore(a)s se imunizarem não significa, pelos estudos e comprovação de eficácia  das vacinas disponibilizadas, que não se contaminarão. Significa apenas que uma vez imunizado(a)s  ficam resguardado(a)s de sintomas mais graves da COVID-19. Ou seja, não impede totalmente a  contaminação e, portanto, não impede que professores e professoras também sejam vetores de  transmissão. Mais um motivo para defender a imunização da população respeitando os grupos  prioritários do Plano Nacional de Imunização, do qual profissionais da educação já fazem parte;  - Em dez meses de pandemia muitos trabalhadores e trabalhadoras não puderam realizar trabalho  remoto e se mantiveram exposto(a)s aos riscos da contaminação. Muitos se contaminaram e muitos  morreram. Nesse momento, em que tem início a imunização, defendemos que esses/essas  trabalhadore(a)s devem ter prioridade na vacinação, assim como os grupos mais vulneráveis. Por  isso, defendemos o retorno presencial só com vacina para todos e todas e continuar com o trabalho  remoto, de forma excepcional, enquanto não houver vacinação em massa para preservar vidas;  - É necessário que se considere que a maior parte da população que acessa a educação pública,  utiliza-se de transporte coletivo público, o que em si já representa um risco de contaminação. Mais gente nos ônibus, mais circulação do vírus, mais contaminação. Com mais contaminação, idoso(a)s,  pessoas com comorbidades, pessoas com deficiência, entre outros, podem ser mais facilmente  contaminados, mesmo estando em casa em isolamento social, uma vez que passam a conviver com  pessoas, sejam professores e professoras ou estudantes que vão voltar a transitar nas ruas e em  espaços aglomerados;  

 - Nesse momento, o retorno presencial exigiria uma estruturação das instituições de ensino e do  transporte público, para o qual o país não se preparou. Isso ficou evidente, por exemplo, na  aplicação das provas do ENEM, realizadas em instituições de ensino que em sua maioria não  estavam preparadas e não tinham estrutura sanitária;  

- A identificação da nova cepa do coronavírus, que circula na Amazônia, pode chegar em vários  estados brasileiros e é ainda mais contagiosa. Até que ocorra a imunização da população, a única  alternativa para evitar que se espalhe de forma mais veloz, intensificando o colapso do sistema de  saúde e ampliando as mortes e evitar aglomerações, é manter o isolamento social;  

- O debate sobre a imunização prioritária de professores e professoras desconsidera o conjunto da  comunidade acadêmica e escolar. A escola e a Universidade não são feitas só de professores e  professoras, assim como os hospitais não são estruturados só com médicos e médicas. A defesa  deve ser pela imunização de toda a comunidade acadêmica e escolar, assim como de todo o(a)s  profissionais que trabalham na saúde;  

- Deve-se destacar, que pelo PNI do governo federal, o(a)s professore(a)s já constam como  prioritário(a)s para vacinação, estando no grupo 4. Nos grupos 1, 2 e 3 estão o(a)s profissionais da  saúde, idoso(a)s, indígenas, quilombolas e pessoas com comorbidades. Ou seja, exigir passar o(a)s  professores e professoras para o primeiro ou segundo grupo significa inviabilizar a imunização de  segmentos absolutamente prioritários, seja pelo seu alto grau de exposição ao vírus, seja pela sua  vulnerabilidade no caso de contaminação.  

 Por fim, destacamos que o problema da pandemia não foi criado por nós e a resolução para  tal problema é responsabilidade do governo federal,que vem a cada dia explicitando seu desprezo à  vida, em especial dos mais pobres, negros e negras e pessoas com deficiências. Nesse sentido,  consideramos que nosso desafio seja unificar todo o conjunto da educação para exigir a Vacina já  para todos e todas e condicionar o retorno presencial à segurança sanitária.

Reafirmamos nosso compromisso com a defesa da educação pública de qualidade, o que na  nossa avaliação necessariamente passa por uma educação presencial. Mas neste momento  compreendemos que o que está em jogo são vidas e estas não temos como recuperar. O semestre  letivo, os conteúdos, as defasagens temos como recuperar tão logo seja possível o retorno  presencial.  

 Que sejamos capazes de dialogar entre as categorias da educação e fazermos o devido  enfrentamento ao governo seja no âmbito federal, estadual ou municipal, em defesa da vida. Que a  alternativa para o capital e para o governo genocida não seja a vida dos pobres. A luta e a  resistência são nossa alternativa!  

 

 Pela unificação das lutas em defesa da vida e da educação pública!  

 Não temos aula presencial, Bolsonaro, é a culpa é sua!  

 Em defesa do SUS!  

 Vacina para todos e todas já!  

Brasília(DF), 3 de fevereiro de 2021  

Diretoria Nacional do ANDES-SN